adaptado (e demais adendos) por Davi Marski, texto original (com permissão) por Geir Hundal (Geir tem um website semelhante ao meu, e é guia AMGA. Esse artigo foi baseado em seu artigo original: http://www.geir.com/mythbuster.html)
Existe um monte de crenças imprecisas no mundo da escalada. É verdade
que um mosquetão deve ser condenado se ele sofrer uma queda ? O nó oito
utilizado para emendar duas cordas pode se inverter quando tracionado
para fazer um rapel ? É verdade que o nó "volta de fiel" pode
escorregar?
Essa página (na verdade são alguns artigos) é dedicada a eliminar alguns desses mitos.
A maioria do que você irá ler não é baseada em testes em máquinas de
tração (embora alguns dos testes possam ter sido feitos assim). Esses
são testes reais realizados por mim (Geir Hundal) e Fassett Jeff.
Como estou qualificado para desfazer esses mitos ? Bom, convido-o a
julgar por você mesmo. Gastei muita energia pesquisando e fazendo testes
reais, e conversando com vários escaladores realmente experientes. Sou
um guia AMGA certificado e tenho centenas de dias de escalada em rocha,
uma boa cabeça sobre os meus ombros e aprendi da forma correta com
especialistas reconhecidos.;
Se você está questionar o que você irá ler a seguir, ótimo! Esse é o
ponto. Pensar criticamente e testar as coisas em um ambiente seguro.
Nada é melhor para construir a sua confiança baseado em sua própria
experiência.
Se você quiser, enviar suas perguntas / sugestões / mitos via e-mail,
clicando no link de contato acima. Vamos ver se podemos testá-lo para
você.
Para alguns dos testes que eu construí uma estação em minha casa. Ela
tem 12 metros de comprimento e tem três carrentes de cada lado
ancorados em 9 centímetros de concreto. Eu uso ainda um dinamômetro
industrial para medir as cargas (forças) produzidas por um puxador de
cabo.
um dos detalhes da máquina de tração do Geir Hundal
Mito: "Mosquetões são
suscetíveis a apresentarem fraturas de linha internas se eles sofrerem
impacto em uma queda. Essas fraturas internas não podem ser
inspecionadas visualmente e podem causar a ruptura do mosquetão. Nunca
deixe cair o seu mosquetão, se isso acontecer, você deve descartar o
mosquetão e substituí-lo por um novo"(fonte: http://www.cbcnsw.org.au/docs/AbseilGuidelines.pdf)
Ou ainda na Wikipedia(em fevereiro de 2013): http://pt.wikipedia.org/wiki/Mosquet%C3%A3o_(escalada)
Realidade: Isso não é verdade a respeito de
mosquetões modernos. Primeiramente: o "grão" do alumínio é disposto de
forma paralela ao seu eixo principal, não perpendicular, assim, dizer
que fraturas capilares tão indetectáveis são capazes de
espontaneamente causar uma ruptura no mosquetão simplesmente não é
verdade. Steve Nagode, um engenheiro de controle de qualidade da REI,
conduziu um experimento em que os 30 mosquetões, de vários tipos, foram
arremessados seis vezes a uma distância de 10 metros em um piso de
concreto. A resistência à ruptura desses mosquetões foi então
determinada com uma célula de carga de 50kN. Os resultados: nenhuma
redução na força foi observado quando se comparam os mosquetões que
sofreram estes impactos de queda com mosquetões novos.
A Black Diamond diz
o seguinte: "É melhor para inspecionar mosquetões que sofreram quedas
por afundamentos ou deformidades. Se apenas são visíveis arranhões e o
gatilho do mosquetão funciona sem problemas, este mosquetão está apto
para o uso."
De acordo com Chris Harmston, gerente de controle de qualidade da Black Diamond:
"Eu tenho realizado teste com centenas
de mosquetões usados, que sofreram quedas significativas, alguns com
mais de 1000m de queda - a partir do topo da parede Salathé no El
Capitan. Nunca notei qualquer problema com estes mosquetões a menos que
haja danos visuais óbvios para o mosquetão. Embora um pouco
reconfortante, isso não lhe dá carta branca para usar mosquetões que
sofrem quedas significativas. Você deve aposentar imediatamente qualquer
mosquetão que tenha se deformado, que tem ranhuras profundas, ou se o
gatilho não está fechando perfeitamente"
No original: "I have test-broken
hundreds of used, abused, and dropped ‘biners (even some that fell 3000
ft. (1000 m) from the top of the Salathe Wall on El Capitan). Never have
I noticed any problem with these unless there is obvious visual damage
to the ‘biner. While somewhat reassuring, this does not give you carte
blanche to use carabiners that have been dropped a significant distance.
Immediately retire any carabiner that is crooked, has deep
indentations, or has a gate that doesn’t operate smoothly.”
Dano causado a um mosquetão arremessado a 255m em uma superfície rígida (foto de Richard Delaney)
O mesmo mosquetão da foto
anterior, submetido a um ensaio destrutivo: ele suportou 23.9kN (e a
especificação era para suportar 24kN) - Foto de Richard Delaney
Teste da SMC com 115 mosquetões que sofreram quedas: nenhuma diferença estatística comparada com mosquetões novos
Outro teste, desta vez feito com um Reverso Petzl (que possui o mesmo
material com os quais são feitos os mosquetões): Eu chamo isso de
"Reverso contra uma .357 Magnum". Atirar (acertando, claro) em um
objeto pequeno, como um freio reverso, com uma arma de calibre .357
magnum a uma distância segura é algo complicado, mas certametne nos
proporciona resultados emociandos. Isto equivale a jogar o freio Reverso
em uma superfície de pedra a 67 m/s, ou seja, equivale a deixa o freio
cair de 240m. E vale dizes que nestes cálculos omitimos resistência do
ar, o que limitaria a velocidade terminal do Reverso em queda livre a
cerca de 35 m/s (a velocidade terminal de uma bola de basebol). Na
realidade, a peça caindo (seja ela um reverso ou mosquetão) não chegaria
a 68 m s, mesmo caindo de tão alto. O Reverso deformou-se várias vezes,
tomando 5 tiros diretos antes de finalmente quebrar. Isto parece
indicar que uma queda única, de pequena altura, para um mosquetão ou
qualquer outro equipamento de escalada, faz pouco ou nenhum dano.
Petzl Reverso, após levar 5 tiros de uma arma calibre .357 magnum
Recomendações da Black Diamond sobre quando mosquetões devem ser descartados
Por último, os vídeos a seguir mostram alguns mosqueões sendo
destrúidos em testes de ensaio destrutivos. Notem que o mosquetão
primeiramente começa a deformar-se (fase elástica) antes de efetivamente
romper-se:
e com o gatilho aberto:
Algums especialistas (como a Petzl) recomendam descartar o mosquetão de ele tiver qualquer sulco/arranhão com mais de 1mm de profundidade (além da questão do funcionamento do gatilho).
Para saber mais:
FONTE:
http://www.marski.org
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